A Venezuela está pertinho de quem vive em Roraima. E Roraima está longe de quem vive no restante do Brasil. Penso que, num certo sentido, podemos falar assim, já que é mais fácil ir de Boa Vista para fora do Brasil do que para dentro dele. Então, a relação de quem mora na capital roraimense com o caribe venezuelano é mais ou menos parecida com a que tem os cariocas, em geral, com a Região dos Lagos ou a Serrana ou, ainda, com a Costa Verde do Estado do Rio. Em feriados prolongados ou nas férias... caribe venezuelano! Sem contar que a relação entre o nosso real e os bolívares deles nos é bastante favorável (antes da última reforma do Chaves era mais).
Muita gente em Boa Vista ía fazer compras de supermercado para o mês todo em Santa Elena de Uairém, a primeira cidade venezuelana, há cerca de duas horas e meia de Boa Vista. Conheci uma pessoa que comprava roupas em Caracas para revender na capital roraimense.
Encontrei na internet vários relatos de viajantes que foram de carro de Manaus para Margarita, pois a gasolina tem um preço infinitamente mais barato que no Brasil e as estradas venezuelas (o asfalto, principalmente) são ótimas. De ônibus também compensa, pois o valor da passagem, saindo de BoaVista ou de Santa Elena, é baixíssimo.
Viajei por lá tanto de carro como de ônibus. Viajando sozinha, de ônibus, fiquei um tanto incomodada, apreensiva, apenas quando parávamos numa cabala - posto de fiscalização do exército. O rosto e a postura dos soldados, em geral, além de não serem simpáticos, eram intimidadores para com os estrangeiros. E de Santa Elena de Uairém a Puerto la Cruz ou Puerto Ordaz - "portas de entrada" para Isla Margarita - passamos por seis ou sete cabalas. Descemos do ônibus em cada cabala para eles revistarem nossa bagagem.
De carro até Puerto Ordaz e de lá num avião para Isla Margarita. De ônibus até Puerto la Cruz e no ferry boat para Isla Margarita. Deu pra ver pobreza e riqueza na Venezuela! Que contraste!